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quinta-feira, 22 de junho de 2017

AULA 3 - As representações cartográficas

Movimentos da Terra

    O planeta Terra está em movimento, e dois deles são fundamentais: o de rotação e o de translação
    O movimento de rotação é o que a Terra realiza ao redor de seu próprio eixo; o de translação é o movimento que ela executa ao redor do Sol. Do movimento de rotação decorre a sucessão dos dias e das noites. O fato de a Terra realizar o movimento de rotação em torno de um eixo imaginário, inclinado em 23o 27’, associado ao movimento de translação, define as estações do ano. As mudanças de estação são marcadas pelos solstícios (de verão e de inverno) e pelos equinócios (de primavera e de outono). 
    Nos solstícios de verão, o Sol incide perpendicularmente sobre os trópicos – no trópico de Câncer, quando é verão no hemisfério Norte, e no de Capricórnio, quando é verão no hemisfério Sul –, ocasionando os dias de maior duração do ano. Simultaneamente, no hemisfério em que ocorre o solstício de inverno, essa relação é inversa. Os equinócios ocorrem quando a luz solar incide igualmente nos dois hemisférios, fazendo com que a duração dos dias e das noites seja igual.

Orientação

    Localizar ou dizer que um corpo está em movimento só é possível em função de algum referencial, que pode ser qualquer objeto: uma pessoa, um local, os corpos celestes. Os referenciais adotados nos mapas são os pontos cardeais (norte, sul, leste ou este e oeste).
    O norte magnético é determinado pelo campo magnético da Terra, cuja localização é variável ao longo do tempo geológico, pois depende dos movimentos realizados pela camada externa do núcleo terrestre; já o norte geográfico foi definido geo- metricamente quando se dividiu a Terra em dois hemisférios a partir de seu eixo de inclinação em relação ao plano equatorial solar. O polo, nesse caso, corresponde ao centro por onde passa o eixo.
    A localização do norte magnético é muito próxima à do norte geográfico.

Coordenadas geográficas

    A linha do Equador é uma linha imaginária que divide a Terra em duas meias esferas: o hemisfério Norte ou Setentrional e o hemisfério Sul ou Meridional. O meridiano de Greenwich também é uma linha imaginária que divide o nosso planeta em duas meias esferas: a metade esquerda representa o oeste, ou hemisfério Ocidental, e a metade direita é o leste, ou hemisfério Oriental.
    Para localizar um ponto qualquer sobre a superfície terrestre, devemos pensar em sua posição em relação às duas linhas imaginárias. Sua posição em relação à linha do Equador chama-se latitude; se a referência for o meridiano de Greenwich, trata-se da longitude. Portanto, a latitude refere-se à distância, medida em graus, de qualquer ponto da superfície terrestre em relação à linha do Equador (latitudes norte e sul), e a longitude refere -se à distância, medida em graus, de qualquer ponto em relação ao meridiano de Greenwich (longitudes leste e oeste). 
    As linhas horizontais que formam uma série de círculos concêntricos a partir do Equador são os paralelos e assinalam as latitudes.
    As linhas verticais que unem os dois polos são os meridianos e assinalam as longitudes. A intersecção dessas linhas estabelece um sistema de coordenadas geográficas que permite a localização de qualquer ponto sobre a superfície terrestre.

Fusos horários

    A alternância entre dias e noites depende do movimento de rotação da Terra, que se completa em torno de 24 horas.
    A verificação disso implicou a divisão da Terra em 24 partes ou fusos horários, ao longo do traçado dos meridianos. A Terra, como um corpo esférico, possui 360o. Isso significa que os fusos são separados entre si por segmentos de 15o, cada um deles representando uma hora. 
    O meridiano de Greenwich é, novamente, o meridiano de referência. O meridiano oposto ao de Greenwich, do outro lado da Terra, chama-se linha de mudança de data. Portanto, como a Terra está dividida em 24 fusos, quando forem 12 horas em Greenwich, será meia-noite no meridiano oposto.
    Três fusos atravessam o Brasil. Comparando os pontos extremos, quando Rio Branco (AC) assinala 10 horas, em Brasília (DF) são 11 horas e no arquipélago de Fernando de Noronha (PE), 12 horas. Durante o horário de verão, a disposição dos fusos continua a mesma, embora nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste os relógios sejam adiantados uma hora. Brasília, nesse caso, assinalaria o mesmo horário de Fernando de Noronha.
As regiões Norte e Nordeste não adotam horário de verão.

Linha internacional de mudança de data

    Os 24 fusos horários são linhas imaginárias que, como os meridianos, riscam a Terra de um polo a outro. Ao se deslocar para oeste, a partir de Greenwich, uma pessoa terá de subtrair uma hora para cada fuso. O raciocínio será o mesmo se ela se deslocar para leste, embora, nesse caso, em vez de subtrair, ela tenha de adicionar uma hora para cada fuso. Na representação do mapa a seguir, de Greenwich a Brasília, são três horas de variação (três fusos); de Greenwich até Tóquio, há nove fusos e, portanto, nove horas separam Greenwich de Tóquio. Se em Londres são 9 horas, em Tóquio são 18 horas e em Brasília, 6 horas. Portanto, entre Brasília e Tóquio há 12 horas de diferença.




 Diferentes formas de representação do espaço

    A Geografia se preocupa com a espacialização dos fenômenos, daí a necessidade de compreender a construção dos diversos tipos de representações gráficas (croquis, mapas, gráficos). É a natureza do objeto estudado que orientará a escolha da forma de representação. Variáveis contínuas, como a temperatura do ar, requerem um tipo de representação que evoque a noção de “ordem” e “variação gradativa”. Nesse caso, a representação vai do mais frio para o mais quente, associada a uma variação que vai de cores frias (violeta, azul e verde) para cores quentes (vermelho, laranja e amarelo). Além disso, cidades, áreas florestais e agrícolas não possuem uma clara continuidade espacial. São objetos localizados no espaço − ou variáveis discretas −, podendo ser traduzidos por um ponto ou mancha (área) com cores diferenciadas e/ou contrastantes.


Escalas de mapas, cartas e plantas

    De acordo com o nível de detalhe, ou seja, com a escala daquilo que está sendo representado, as representações apresentam várias subdivisões.
  • ·  Plantas cadastrais. A escala varia de 1:200 a 1:10 000. Nelas acham-se representados lotes residenciais, ruas, avenidas, praças, etc. A regularização de um imóvel ou a legalização de um loteamento requerem esse tipo de documento, obtido nas prefeituras municipais. 
  • ·  Cartas topográficas. A escala varia de 1:10 000 a 1:100 000. É o tipo de mapa no qual se registra a representação de rios, lagos, áreas inundáveis, altitudes, vegetação, vias de tráfego e comunicação, áreas urbanas, represas, etc. 
  • ·  Mapas regionais (escala de 1:100 000 a 1:1 000 000). Normalmente representam unidades administrativas. 
  • ·         Mapas-múndi (escala de 1:5 000 000 ou superior).

 O produto que melhor expressa esse tipo de representação é o atlas.  

Projeções cartográficas

    Como os mapas constituem representações planas (bidimensionais), a transformação do globo num mapa implica uma série de distorções nas formas, nas áreas e nas distâncias da superfície da Terra. Para isso são utilizadas as projeções cartográficas, que se baseiam em relações geométricas e matemáticas e são classificadas em cilíndricas, cônicas e planas.
  • Projeções cilíndricas. A esfera terrestre é envolvida por um cilindro, no qual são projetados os meridianos e os paralelos. As áreas são conservadas, mas os ângulos são deformados, principalmente nas altas latitudes, o que pode gerar interpretações erradas quanto à extensão e às distâncias dos objetos representados. 
  • Projeções cônicas. A esfera terrestre é envolvida por um cone. Destacam-se as formas de pequenas feições, daí sua utilização na representação de localidades com latitudes médias. Quanto mais se aumentam as latitudes, maior é a distorção. 
  • Projeções planas. Também denominadas azimutais ou zenitais, resultam da projeção da superfície esférica sobre um plano. Quanto mais nos afastamos do ponto em que o plano tangencia a esfera terrestre, mais a distorção aumenta. 


As diferentes escalas

    A relação entre o tamanho (ou proporção) dos elementos representados em um mapa e o tamanho correspondente medido sobre o terreno (superfície real) é definida pela escala. Diferentes escalas são aplicadas à realidade conforme os objetivos da pesquisa ou daquilo que se quer representar. É evidente que, quando se reduz um objeto, ocorre a supressão de uma série de detalhes, mas, ao mesmo tempo, abre-se espaço para representar aquilo que realmente interessa.
    Há três modos de exprimir a escala. Na forma numérica: 1:250 000, 1/250 000; lê-se “um para duzentos e cinquenta mil”, ou seja, 1 cm no mapa equivale a 250 000 cm no terreno. Na forma nominal: 1 cm = 2 500 m  ou 2,5 km. Na forma gráfica, como na figura a seguir.



Como calcular escalas

    Ao transformar a escala gráfica em numérica, é necessário saber quanto 1 centímetro no mapa vale em quilômetros no terreno. Se 0,8 cm equivale a 90 km, 1 cm é equivalente a 112,5 km. Então, a escala numérica corresponde a 1:11 250 000.
    Se o mapa trouxer a escala numérica, basta multiplicar a escala (em centímetros) pelo valor da distância medida no mapa com a régua (também em centímetros). Se o mapa fosse ampliado ou reduzido, a escala gráfica acompanharia essa transformação, o que implicaria um novo cálculo das distâncias, embora a distância real permanecesse a mesma.

A cartografia de base

    Um dos produtos da cartografia de base mais amplamente utilizados são as cartas topográficas (topografia significa descrição do local), um tipo de representação que visa identificar e detalhar com exatidão elementos da superfície terrestre, como cursos d’água, altitudes, vegetação, vias de comunicação, etc.
    O relevo, um dos aspectos mais importantes da carta topográfica, é obtido pela representação do terreno em curvas de nível (isolinhas de altitude), um feixe de linhas paralelas que une pontos de igual valor de altitude. Da intersecção dessas linhas obtém-se o perfil do terreno, por meio do qual é fácil visualizar as porções elevadas e baixas do terreno. Da sucessão de perfis é possível construir o bloco diagrama.

  

A representação das cartas topográficas 

    Numa carta topográfica, as curvas de nível que estão mais próximas indicam os setores mais íngremes do terreno; quanto mais espaçadas as linhas, menor a declividade do terreno.


A cartografia temática 

    Sobre uma carta topográfica podem ser desenvolvidos diversos produtos temáticos. Os mapas de um atlas, além de empregarem elementos produzidos pela cartografia de base, como escala, coordenadas cartográficas, orientação e determinado tipo de projeção, ainda tratam, cada um deles, de assuntos diversos: população, clima, geologia, etc. É nesse tratamento dos dados e na informação diversificada que reside o objeto da cartografia temática, que se utiliza de variáveis visuais, como tamanho, granulação, valor, forma, orientação e cor, para representar as propriedades de objetos diferenciados, como concentração populacional, área urbana ou rural, etc. 
    Num mapa, qualquer objeto pode ser representado por um símbolo (variável visual), desde que indicado na legenda. Esse símbolo pode transmitir também a ideia de quantas vezes um objeto é maior do que outro. Ao elaborar um mapa, é importante pensar nos elementos abordados (as dimensões do plano, variáveis visuais e propriedades perceptivas), aliados às características do fenômeno. Assim, a Cartografia possibilita ampliar o conhecimento a partir das relações entre a realidade e as diversas formas de representação dessa realidade, o que faz dela uma ciência.


Construção e leitura de gráficos 

    Os gráficos privilegiam a quantidade de elementos, relacionando os dados com variáveis numéricas, mas não mostram a localização desses elementos, que é o papel dos mapas. Os gráficos podem ser de linhas, de barras e circulares. Quando os dados são transportados para um gráfico, a leitura torna-se mais fácil por permitir a visualização imediata. 


A representação conjunta por gráficos, mapas e tabelas 

    A escolha do tipo de representação gráfica depende do objetivo da pesquisa e das características do objeto a ser representado. Entretanto, pode-se aliar mais de uma forma de representação. No mapa a seguir, que representa a população do Brasil, localiza-se o fenômeno, e o gráfico de barras estabelece a comparação desses dados.




ATIVIDADES

ENEM 2003

Existem diferentes formas de representação plana da superfície da Terra (planisfério).
Os planisférios de Mercator e de Peters são atualmente os mais utilizados.
Apesar de usarem projeções, respectivamente, conforme e equivalente, ambas utilizam como base da projeção o modelo:


ENEM 2002

O mercado financeiro mundial funciona 24 horas por dia. As bolsas de valores estão articuladas, mesmo abrindo e fechando em diferentes horários, como ocorre com as bolsas de Nova York, Londres, Pequim e São Paulo. Todas as pessoas que, por exemplo, estão envolvidas com exportações e importações de mercadorias precisam conhecer os fusos horários para fazer o melhor uso dessas informações.


Considerando que as bolsas de valores começam a funcionar às 09:00 horas da manhã e que um investidor mora em Porto Alegre, pode-se afirmar que os horários em que ele deve consultar as bolsas e a seqüência em que as informações são obtidas estão corretos na alternativa:

a) Pequim (20:00 horas), Nova York (07:00 horas) e Londres (12:00 horas).
b) Nova York (07:00 horas), Londres (12:00 horas) e Pequim (20:00 horas).
c) Pequim (20:00 horas), Londres (12:00 horas) e Nova York (07:00 horas).
d) Nova York (07:00 horas), Londres (12:00 horas), Pequim (20:00 horas).
e) Nova York (07:00 horas), Pequim (20:00 horas), Londres (12:00 horas).





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